CÂNCER: CONHEÇA OS SINTOMAS

por Guido Boabaid
11/04/2023 30/01/2024

Dia 8 de abril é o Dia Mundial da Luta contra o Câncer. A doença é um dos principais problemas de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte antes dos 70 anos de idade na maioria dos países. 

Os índices de novos casos e de mortes por câncer crescem a cada ano. Parte disso ocorre pelo envelhecimento da população, com maior expectativa de vida, mas também porque o desenvolvimento econômico traz com ele hábitos que podem ser um risco para a saúde. 

Observa-se uma transição dos principais tipos de câncer observados nos países em desenvolvimento, com um declínio dos tipos de câncer associados a infecções e o aumento daqueles associados à melhoria das condições socioeconômicas com a incorporação de hábitos e atitudes associados à urbanização, como o sedentarismo e alto consumo de alimentos industrializados.

Entenda mais sobre a importância do Dia Mundial da Luta contra o Câncer:

Os principais tipos de câncer

A estimativa mundial mais recente é de 2018 e trouxe um registro anual de 18 milhões de casos novos de câncer e 9,6 milhões de óbitos. O câncer de pulmão é o mais incidente no mundo (2,1 milhões de casos), seguido pelo câncer de mama (2,1 milhões), cólon e reto (1,8 milhão) e próstata (1,3 milhão). 

A incidência em homens (9,5 milhões) representa 53% dos casos novos, sendo um pouco menor nas mulheres, com 8,6 milhões (47%) de casos novos.

No Brasil, os cânceres com maior recorrência são mama e próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.

Estimativas de novos casos de câncer, em mulheres, para 2020/2022

Estimativas de novos casos de câncer, em homens, para 2020/2022

10 dicas para prevenir o câncer

A doença assusta, mas alguns pequenos hábitos do dia a dia podem ajudar a prevenir o câncer. Confira algumas práticas para adotar ou abandonar na sua rotina.

Não fume

Não é à toa que o câncer de pulmão é um dos mais incidentes. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Esse hábito pode levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão, da cavidade oral, da laringe, da faringe e do esôfago. 

Tenha uma alimentação saudável

Para prevenir o câncer, o ideal é ter uma dieta rica em alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas.

Evite alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos para aquecer. Esses alimentos possuem conservantes (como os nitritos e nitratos), que podem provocar o surgimento de câncer de intestino (cólon e reto), além de conter muito sódio, que pode provocar o câncer de estômago.

Bebidas com alto nível de açúcar, como refrigerantes, também não são recomendadas.  

Pratique atividades físicas

A atividade física colabora para a manutenção da saúde física e mental. A prática regular de exercícios ajuda a manter o Índice de Massa Corporal (IMC) dentro do adequado, prevenindo o câncer.

Se você é mãe, dê preferência para a amamentação

O aleitamento materno é a primeira ação de alimentação saudável. A amamentação até os dois anos ou mais, sendo exclusiva até os seis meses de vida da criança, protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil.  

Se você é mulher, faça regularmente o exame Papanicolau

Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer a cada três anos o exame preventivo do câncer do colo do útero, conhecido como Papanicolau. 

As alterações das células do colo do útero são descobertas facilmente nesse exame e são curáveis na quase totalidade dos casos. A identificação das alterações e tratamento adequado, impede que as lesões se desenvolvam e possam levar a um quadro de câncer do colo do útero.

Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos.

A vacinação contra o HPV, disponível no SUS, e o exame preventivo (Papanicolaou) se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Mesmo as mulheres vacinadas, quando chegarem aos 25 anos, deverão fazer um exame preventivo a cada três anos, pois a vacina não protege contra todos os subtipos do HPV.

Vacine contra a hepatite B

O câncer de fígado está relacionado à infecção causada pelo vírus da hepatite B. Por isso, a vacina é uma forma importante de prevenção deste câncer. A vacinação pode ser feita gratuitamente pelo SUS e em pessoas de qualquer idade.

Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas

Seu consumo, em qualquer quantidade, contribui para o risco de desenvolver câncer. Além disso, combinar bebidas alcoólicas com o tabaco aumenta a possibilidade do surgimento da doença.

Proteja-se do sol

Evite a exposição ao sol entre 10h e 16h, período de maior incidência solar. Use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar, inclusive nos lábios.

Se for inevitável a exposição ao sol durante a jornada de trabalho, use chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida.

Evite exposição a agentes cancerígenos no trabalho

Agentes químicos, físicos e biológicos ou suas combinações são causas bem conhecidas de câncer relacionado ao trabalho, e evitar ou diminuir a exposição a estes agentes seria o ideal e desejável. É um cuidado necessário, por exemplo, para os profissionais responsáveis pelos exames de raio-x.

Os equipamentos de proteção e seguir as normas de segurança são essenciais nas profissões que expõem a esse tipo de risco.

10 Sintomas de câncer para ficar alerta e procurar um médico

Manter os exames de rotina em dia já é uma ótima forma para conseguir detectar o câncer precocemente. Quanto antes o tumor é descoberto, melhor costuma ser o prognóstico.

O câncer em qualquer parte do corpo pode provocar sintomas genéricos, como a perda excessiva de peso sem alteração em hábitos alimentares ou atividade física. No entanto, para chegar ao diagnóstico correto é preciso fazer uma série de exames para descartar outras hipóteses.

Normalmente o câncer é diagnosticado quando a pessoa apresenta sintomas bem específicos, que podem surgir de uma hora para outra, sem explicação ou como uma consequência de uma doença que não foi corretamente tratada. Como pode acontecer quando uma úlcera gástrica evolui para câncer de estômago, por exemplo. 

Em caso de suspeita, é indicado que se busque um médico o quanto antes para realizar todos os exames necessários. Confira sinais para ficar alerta:

  1. Emagrecer sem prática de exercícios ou mudança na dieta

Um dos sintomas de câncer pode ser a perda de peso rápida de até 10% do peso usual em pouco espaço de tempo, sem fazer dieta ou exercício físico intenso. Esse sintoma é comum principalmente em casos de câncer de pâncreas, estômago ou esôfago, mas também pode surgir em outros tipos. 

  1. Cansaço intenso 

É comum que pessoas que estão em fase inicial de um câncer apresentem anemia ou perda de sangue pelas fezes, por exemplo, o que leva à diminuição dos glóbulos vermelhos e à redução de oxigênio no sangue. Isso leva ao cansaço intenso, mesmo quando se faz pequenas tarefas, como subir alguns degraus ou tentar arrumar a cama.

O cansaço também pode ser sintoma do câncer de próstata ou do câncer de pulmão, uma vez que o tumor pode tomar várias células sadias e diminuir a função respiratória, levando a um cansaço que vai piorando progressivamente. Além disso, pessoas com casos mais avançados de câncer também podem ter fadiga logo de manhã após acordar, mesmo que tenham dormido toda a noite.

  1. Dor localizada

A dor localizada em alguma parte do corpo é comum em vários tipos de câncer. Pode ser sintoma de no cérebro, nos ossos, no ovário, no testículo ou no intestino. 

Na maioria dos casos, esta dor não alivia com o repouso e não é causada por exercício excessivo ou outras doenças, como artrite ou lesão muscular. É uma dor persistente que só cede com analgésicos fortes.

  1. Febre que vai e volta, sem tomar remédio

A febre irregular pode ser um sinal de câncer, como leucemia ou linfoma, surgindo devido ao sistema imune estar enfraquecido. Ela pode aparecer por alguns dias e desaparecer sem precisar de medicamento, voltando a surgir de forma instável e sem estar ligada a outros sintomas.

  1. Alterações nas fezes

Ter variações intestinais, como fezes muito duras ou diarreia por mais de 6 semanas, pode ser um sinal de câncer. Além disso, em alguns casos também podem surgir grandes alterações no padrão intestinal, como ter fezes muito duras durante alguns dias e, em outros dias, diarreia, além de barriga inchada, sangue nas fezes, náuseas e vômitos.

  1. Demora para cicatrizar feridas

O surgimento de feridas em qualquer região do corpo, como boca, pele ou vagina, por exemplo, que demoram mais de 1 mês para cicatrizar, também pode indicar um câncer em fase inicial. 

As feridas são uma forma do corpo sinalizar que o sistema imune está mais fraco e há uma  redução das plaquetas, que são responsáveis por ajudar na cicatrização de lesões. 

  1. Sangramentos

A hemorragia também pode ser um sinal de câncer, que pode acontecer na fase inicial ou numa fase mais avançada, podendo surgir sangue na tosse, nas fezes, na urina ou no mamilo, por exemplo, dependendo da região do corpo afetada.

Sangramento vaginal que não é o da menstruação, corrimento escuro, vontade constante em urinar e cólica menstrual podem indicar câncer de útero.

  1. Manchas na pele

O câncer pode provocar alterações na pele, como manchas escuras, vermelhas ou roxas com bolinhas. Ele também pode deixar a pele áspera e amarelada.

Além disso, podem surgir alteração da cor, formato e tamanho de uma verruga, sinal, mancha ou sarda da pele, podendo indicar câncer de pele ou outro tipo de câncer

  1. Caroços e inchaço das ínguas

O surgimento de nódulos ou caroços pode surgir em qualquer região do corpo, como mama ou testículos. Além disso, pode ocorrer inchaço da barriga, devido ao aumento do fígado, do baço e do timo e inchaço das ínguas localizadas nas axilas, virilhas e pescoço, por exemplo. 

  1. Rouquidão e tosse por mais de 3 semanas

A tosse persistente, falta de ar e voz rouca podem ser sintomas de câncer de pulmão, de laringe ou tireoide. Tosse seca persistente, acompanhada de dor nas costas, falta de ar e cansaço intenso podem indicar um caso de câncer de pulmão.

Lembrando que a presença desses sintomas não indica sempre a existência de um tumor. Porém, podem sugerir a existência de alguma alteração e, por isso, é importante ir ao médico assim que possível para avaliar o estado de saúde, principalmente pessoas com histórico de câncer na família.

Como tratar um câncer

Após o diagnóstico da doença, o médico discutirá com o paciente as opções de tratamento. As possibilidades vão depender do tipo de câncer, estágio do tumor, localização, estado de saúde geral do paciente e dos possíveis efeitos colaterais. Entre os principais tratamentos contra o câncer estão:

Cirurgia

A cirurgia é o principal tratamento utilizado para vários tipos de câncer e pode ser curativo quando a doença é diagnosticada em estágio inicial. A cirurgia também pode ser realizada com objetivo de diagnóstico, como na biópsia cirúrgica. A intervenção pode ser ainda uma forma de proporcionar alívio de sintomas como a dor e em alguns casos de remoção de metástases quando o paciente apresenta condições favoráveis para a realização do procedimento.

Quimioterapia

O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser um tratamento sistêmico, atinge não somente as células cancerosas como também as células sadias do organismo. Com isso, pode causar efeitos colaterais.

De forma geral, a quimioterapia é administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser utilizados por via oral. 

A quimioterapia pode ser usada para diferentes objetivos 

  • de cura, quando usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor; 
  • de eliminar as células cancerígenas remanescentes, quando realizada após a cirurgia para evitar reincidência;
  • para reduzir o tamanho do tumor e assim ter maior sucesso com o tratamento cirúrgico;
  • paliativa, quando é utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente.

Radioterapia 

Consiste no uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células cancerígenas. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas (Raios X ou Raios gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores lineares de alta energia). 

Embora as células normais também possam ser danificadas pela radioterapia, geralmente elas podem se reparar, o que não acontece com as células cancerígenas. 

Existem vários tipos de radioterapia e cada um deles têm uma indicação específica dependendo do tipo de tumor e estadiamento da doença: radioterapia externa, radioterapia conformacional 3D, radioterapia de intensidade modulada (IMRT), radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife) e braquiterapia. 

Ela pode ser utilizada como o tratamento principal do câncer, como tratamento após a cirurgia, como tratamento antes da cirurgia, como tratamento paliativo e para o tratamento de metástases.

Hormonioterapia

É uma modalidade terapêutica que tem como objetivo impedir a ação dos hormônios em células sensíveis. Algumas células tumorais possuem receptores específicos para hormônios, como os de estrógeno, progesterona e andrógeno e em alguns tipos de câncer, como o de mama e de próstata, esses hormônios são responsáveis pelo crescimento e proliferação das células malignas. 

A hormonioterapia promove a redução do nível de hormônios ou bloqueia a ação desses hormônios nas células tumorais, com o objetivo de tratar os tumores malignos dependentes do estímulo hormonal. Ela pode ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.

Terapia Alvo

É um tipo de tratamento sistêmico que utiliza medicamentos alvo moleculares que atacam especificamente ou ao menos preferencialmente determinados elementos encontrados na superfície ou no interior das células cancerosas. Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas todos alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células. 

Imunoterapia

É um tratamento biológico que busca potencializar o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pelo próprio paciente ou em laboratório. O sistema imunológico é responsável por combater infecções, além de outras doenças. Com isso, ele atua no bloqueio de determinados fatores, a imunoterapia provoca o aumento da resposta imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo que essas células reconheçam o tumor como um agente agressor.

Medicina Personalizada

É um conceito que visa tratar a saúde do paciente de maneira personalizada, analisando cada caso individualmente, levando em conta informações individualizadas em relação à história e dados clínicos, genéticos (genes), genômicos (DNA) e ambientais do paciente. 

A medicina personalizada utiliza da genética de uma pessoa para compreender a biologia do tumor. Com base nessas informações, os médicos esperam identificar estratégias de prevenção e rastreamento.

A partir de um teste farmacogenético, também realizado a partir do DNA do paciente, o médico consegue guiar o tratamento oncológico para que seja mais eficaz e com menos efeitos colaterais do que seria esperado em tratamentos convencionais.

Transplante de Medula Óssea

O transplante de medula óssea (TMO) é a coleta da medula óssea para o tratamento de alguns tipos de câncer, por exemplo, leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Após quimioterapia em altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente recebe a medula óssea por meio de uma transfusão, que pode vir do próprio paciente ou de um doador. 

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