PESQUISADORES DA USP CRIAM O 1º BANCO DE DADOS GENÔMICOS DE IDOSOS

por Guido Boabaid
11/04/2023 30/01/2024

Conhecer e compreender as razões que contribuem para uma boa saúde nos idosos é um tema ao qual geneticistas vêm se dedicando há muitos anos. 

Recém publicado na revista Nature Communications, o estudo desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Universidade de São Paulo (USP) iniciou em 2010,  com moradores de São Paulo, com descendência diversificada, e resultou no 1º banco genômico de idosos da América Latina.

Os participantes deste estudo específico são voluntários de um estudo longitudinal chamado SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento). O projeto existe no Brasil desde 2000, coordenado pela Faculdade de Saúde Pública, e tem por objetivo estudar as condições de vida e de saúde de moradores de São Paulo e de algumas cidades da América Latina e do Caribe.

De acordo com a geneticista Mayana Zatz, uma das autoras do trabalho, em entrevista para O Estado de São Paulo“a vantagem de estudarmos o pessoal de São Paulo é que não se trata de população isolada, com alimentação muito saudável, que vive num ambiente pouco estressante. Queríamos ver como é o genoma de quem resiste ao estresse de São Paulo, à toda a loucura dessa cidade, e chega aos cem anos com uma boa saúde física e mental. Queremos entender o segredo deles.” 

Os cientistas sequenciaram e analisaram o genoma de 1.171 idosos com mais de 72 anos. Essa análise do material genético permitiu a descoberta de 78 milhões de variantes genéticas, que diferenciam uma pessoa da outra, das quais mais de 2 milhões estavam indisponíveis em base de dados públicos.

O estudo ajudou a decifrar os fatores genéticos relacionados ao envelhecimento saudável. Os resultados preliminares podem mudar o atual diagnóstico de algumas doenças genéticas.

Em entrevista ao jornal da USP, Michel Naslavsky, primeiro autor da pesquisa e professor do Instituto de Biociências da instituição, afirmou que essas análises genéticas são importantes para entender a ancestralidade que havia sido ocultada em pesquisas. Ancestralidades que apresentam origens de africanos, ameríndios e outros imigrantes.

“Provavelmente essas 2 milhões de mutações contam a história desses grupos parentais da população brasileira que não estavam catalogados”, afirmou Naslavsky.

A criação do primeiro banco genômico de idosos brasileiros é considerada um grande avanço para a ciência e para as descobertas da Medicina, já que a falta de dados sobre o assunto impacta na saúde das pessoas.

Uma surpresa foi encontrar nos idosos brasileiros variantes genéticas classificadas pelos bancos internacionais como patogênicas mas que jamais causaram qualquer problema de saúde nos voluntários. 

Os resultados completos do estudo podem ser lidos aqui.

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