OS IMPACTOS DE CASOS DE ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

por Guido Boabaid
11/04/2023 03/01/2024

abuso sexual de crianças e adolescentes pode trazer graves consequências para a saúde mental das vítimas tanto no curto quanto no longo prazo. O dia 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, uma data que busca colocar o tema em pauta na sociedade. Diariamente crianças e adolescentes são expostos a diversas formas de violência nos diversos ambientes por eles frequentados. 

A família, a sociedade e o poder público devem ser envolvidos na discussão e tomar medidas em relação à prevenção ao abuso e exploração sexual. É preciso alertar principalmente as vítimas que, em sua grande maioria, não tem a percepção do que é o abuso sexual. 

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a violência sexual é a principal forma de violência que vitima crianças e adolescentes no Brasil.

Existem diversos fatores que tornam este problema difícil de combater. Um deles é o fato de que, na maioria dos casos, a violência acontece dentro de casa, sendo o abusador um integrante da família. Isso torna difícil identificar os quadros de abuso e, muitas vezes, eles são encobertos pela criança que tem vergonha de denunciar ou pelos próprios familiares que descobrem o crime.

Outro ponto é que as crianças podem ainda não ter um discernimento do que está acontecendo. Por isso, é importante conversar desde muito cedo sobre as partes íntimas do corpo e de que adultos não devem tocá-las.

Ainda há a questão de que as crianças são pouco ouvidas e costumam ter pouca credibilidade na sociedade. É preciso estar atento, questionar e dar abertura para que ela conte se algo estranho aconteceu.

Como identificar casos de abuso sexual de crianças e adolescentes

Os casos de abuso sexual de crianças e adolescentes sempre se refletem na saúde mental da vítima. Por isso, é preciso estar atento a mudanças de comportamento e sintomas de transtornos psicológicos.

Dependendo da idade da criança, os sinais do abuso serão diferentes.

Crianças de até 11 meses: 

Em casos de bebês que sofrem abuso sexual, é comum a criança apresentar choros frequentes, irritabilidade, apatia, atraso no desenvolvimento, distúrbios do sono, vômitos e dificuldades na alimentação/amamentação e desconforto no colo. 

Crianças de 1 a 4 anos

Crianças entre 1 e 4 anos já possuem mais potencial de comunicação, mas ainda tem pouco discernimento das coisas. Elas podem reagir com choros frequentes, irritabilidade, tristeza frequente, atraso no desenvolvimento, dificuldade no desenvolvimento da fala, agressividade acentuada, ansiedade, medo de pessoas, pesadelos, tiques e manias.

Crianças de 5 a 9 anos

São crianças um pouco mais desenvolvidas. A escola pode ter um papel importante para identificar comportamentos suspeitos.

A criança costuma apresentar tristeza frequente, baixa autoestima, irritabilidade, choro frequente, falta de limite, distúrbio alimentares, enurese e encoprese, tendência ao isolamento, ansiedade e medo, comportamentos obsessivos, automutilação, déficit de atenção, hiperatividade.

Pré-adolescentes e adolescentes de 10 a 19 anos

Entre 10 e 19 anos, já se tem uma consciência maior do que é um abuso. Mas muitas vezes, o jovem se sente culpado ou pensa que não irão acreditar se ele denunciar a violência.

As reações nesta faixa etária incluem choro, ansiedade, medo, baixa autoestima, uso de drogas, tendência ao isolamento, automutilação, comportamento de risco, agressividade acentuada e ideação suicida.

Os impactos na saúde mental das crianças e adolescentes no médio e no longo prazo

Uma violência como o abuso sexual deixa graves marcas na saúde mental de suas vítimas, especialmente quando falamos de crianças e adolescentes. Identificar os casos de abusos e prestar o apoio psicológico é essencial para que se possa lidar com esses traumas.

A vítima pode desenvolver transtornos psicológicos como ansiedadedepressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), sendo que o último acomete 57% dos adolescentes que sofreram violência sexual, segundo pesquisas.  Ela também pode apresentar comportamentos sexuais inadequados para a idade.

Algumas crianças ainda, por não conseguirem lidar com o trauma de abusos que ocorrem com frequência, tendem a ter mecanismos de dissociação, ou seja, quadros em que não conseguem mais compreender cognitivamente a realidade. É como se nada tivesse acontecido, podendo dizer que a realidade foi alterada mentalmente. No futuro, isso pode acarretar em problemas sociais, emocionais e comportamentais.

A infância é uma importante fase de absorção de valores básicos, na forma de conceitos morais e éticos que irão determinar a formação e estruturação da personalidade. Quando a violência contra a criança e o adolescente não é identificada e tratada, eles podem crescer traumatizados e com valores distorcidos. 

Sem o devido apoio psicológico, essas vítimas podem sofrer com os danos do abuso de modo a influenciar em suas reações, impulsos e escolhas para o resto da vida, inclusive reproduzindo violências.

Como combater o abuso sexual de crianças e adolescentes

Debater o assunto em sociedade

É preciso falar sobre o assunto nas famílias, comunidades, escolas. O problema é real e vitimiza milhares de crianças. Conscientizar sobre a gravidade dos abusos e como acontecem, é um importante passo para que a sociedade esteja mais atenta e atue efetivamente no combate à violência sexual de menores.

Conversar com as crianças

A informação e educação têm papéis cruciais para combater o abuso. A criança precisa aprender sobre seu corpo e como protegê-lo, assim como ter abertura com os pais para contar qualquer situação desconfortável.

Educação sexual nas escolas

Em muitos casos, a escola pode ser uma aliada para identificar comportamentos estranhos das crianças e sinais de que elas podem estar sendo vítimas de abuso.

A escola também contribui quando aborda a educação sexual de forma didática e acessível, para que as crianças aprendam sobre seu corpo e como ele não deve ser violado.

Em casos em que a violência é acobertada pelos familiares, o professor também pode ser a pessoa com quem a criança se sentirá segura para compartilhar o que está acontecendo.

Denuncie

Denuncie casos de abuso infantil e adolescente: basta ligar para o Disque 100. A ligação é anônima e gratuita.

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